O primeiro fundamento da diferença das regiões no espaço seria, para avançar uma hipótese meramente funcional que pede, antes de mais, para ser explicitada, o spatium (espaço topológico) corporal, abertura e imagem.
O primeiro fundamento da diferença das regiões no espaço seria, para avançar uma hipótese meramente funcional que pede, antes de mais, para ser explicitada, o spatium (espaço topológico) corporal, abertura e imagem.
Para breve, as traduções de L'immanence: une vie... de Gilles Deleuze, Die Kunst und der Raum de Martin Heidegger e ainda de Von dem ersten Grunde des Unterschiedes der Gegenden im Raume de Immanuel Kant.
Nem de propósito, e isto dá bem conta de uma espécie de preocupação comum que parece estar no ar do tempo, Jean-Clet Martin publica hoje um texto rico em indícios em que esmiuça possíveis linhas de divisão entre Deleuze e Badiou, na já famosa querela do conceito de multiplicidade e da teoria matemática dos conjuntos, a partir de Descartes (hélas!) e Leibniz. Tendo em conta que se trata, justamente, de tentar dar inteligibilidade ao que seria um espaço não-métrico, não-mensurável, portanto da ordem do intensivo e já não da extensão geométrica (a profundidade do spatium em Deleuze), e elevá-lo a conceito, bastava para revelar uma comunidade de pensamento. Se isso não bastasse, revelar ainda que o que fez com Aristóteles e Van Gogh serve de modelo para o que tento, neste momento, com a ambiguidade das concepções do espaço em Kant e a pintura de João Queiroz, em dois ensaios a sair ainda este ano.
No espaço corpóreo, deixa-se pensar três planos devido às suas três dimensões, que se entreplissam todos em ângulos rectos. Uma vez que conhecemos, por via dos sentidos, tudo o que está fora de nós somente na medida em que entra em co-relação connosco, não é de estranhar que para gerar o primeiro fundamento do conceito das direcções no espaço, partamos da relação destes planos de intersecção com o nosso corpo.
Kant, Immanuel. "Von dem ersten Grunde des Unterschiedes der Gegenden im Raume" (1768) in AA Bd.2, pp. 375-383.
Vou tentar, no que a este blog diz respeito, acabar e editar tudo aquilo que prometi e ficou a meio, em rascunho e sem sentido, sobre uma diversidade de coisas (numa diversidade de posts) em 2008, e, a partir de agora, fazer também deste espaço um lugar de experimentação e bloco de notas vivo sobre todas as minhas actuais investigações (e actividades conexas, p. ex. traduções). Para não desmerecer a citação de Kant em cima da gravura de Chillida.
Nota: as listas de 2008 já estão fechadas.
A escrever dois ensaios e a rever uma tradução, mais uma semana deve bastar para pôr aqui o estaminé pronto a arrancar. Agora é só decoração de interiores. Não desfazendo, claro.