"[...]mas faz-nos esboçar uma realidade supra-sensível compatível com o uso experimental da nossa razão. Sem uma tal precaução, não saberíamos fazer o mínimo uso de semelhante conceito e deliraríamos ao invés de pensarmos.[...]"

16
Jul 08

escrito por José Carlos Cardoso às 23:49
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15
Jul 08

escrito por José Carlos Cardoso às 19:41
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14
Jul 08

 

 

O olhar do outro como testemunha. Catherine Deneuve em Je veux voir de Joana Hadjithomas e Khalil Joreige. 

escrito por José Carlos Cardoso às 19:31

 Já regressado de Vila do Conde não posso deixar de tentar esboçar sentidos de algumas imagens que, de alguma maneira, resistem. Como sou guloso saboreio bastante antes de engolir (ou a maneira de funcionar do espírito ruminante segundo Nietzsche). 

O festival acabou com um objecto cinematográfico absolutamente contemporâneo. Je veux voir de Joana Hadjithomas e Khalil Joreige nasce de "um sentimento de urgência", tempo vertical à procura de imagens que o consigam absorver. Numa entrevista a Claire Vassé os cineastas questionam-se que fazer e como face às "imagens espectaculares da televisão", paradoxalmente irreais e com um efeito calmante e anestésico*, que imagens para tal realidade (a devastação provocada pela guerra), que imagens para uma coisa que está aqui, que entra por nós adentro e que, ao mesmo tempo, é inapreensível e inapropriável?

Deneuve diz que não sabe se vai "entender alguma coisa, mas quer ver". O tour de force feito neste filme que se constitui em pôr o outro no coração do real (a ficção como único acesso possível a uma imagem real), dar a ver com e através do outro, dota o filme, no extremo limite da ficção e para lá de toda a pretensão realista, de uma realidade que de tão distante pertence a todos nós. Face à apaziguadora neutralidade das imagens televisivas que dão conta da realidade, querer ver nos olhos do outro.

Aquilo que se quis ver, a urgência de outros olhos (os olhos do mundo) está nas imagens finais, na "partilha de sensibilidade" entre Catherine e Rabih, na possibilidade dessa partilha, no olhar como possibilidade.  

 

*José Gil, no congresso internacional Culturas, Metáforas e Mestiçagens (Évora, Maio de 2004), no qual também participei, pensou de forma tão urgente como genial as condições da experiência real da recepção das imagens de guerra. Infelizmente ainda inédito.

escrito por José Carlos Cardoso às 19:19
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10
Jul 08

 Ontem, o acontecimento denominava-se Martin Arnold (n. 1959), cineasta de Viena, dotado de um experimentalismo na linha do seu conterrâneo Peter Tscherkassky ou do belga Nicolas Provost, ambos já focados no Curtas em anos anteriores. A masterclass serviu de introdução ao seu modus operandi, apoiada com o visionamento de algumas das suas curtas. Seguiu-se uma visita guiada pelo próprio à sua exposição na Solar, de que falarei mais tarde.

Durante todo o dia de hoje tive que me ausentar do festival e, por isso, infelizmente perdi a masterclass de Yu Lik-Wai que deve ter sido um óptimo complemento à retrospectiva da sua obra que acontece até sábado. Volto logo à noite.

 

P.S. Se, no domingo, diverti-me uns instantes a tentar perceber quem poderia ser a C., antes do começo do filme,desde ontem a blogosfera conta com mais um representante

escrito por José Carlos Cardoso às 19:27
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08
Jul 08

Depois do meu atraso crónico no primeiro dia do festival (sábado, 05), o dia seguinte pautou-se essencialmente por duas agradáveis surpresas que consistiram na amostra da cinematografia de Lisandro Alonso (n. 1975, Buenos Aires) e na primeira longa-metragem de Liew Seng Tat (n.1979, Malásia), outro nome a reter no panorama criativo do novo cinema asiático. 

Ontem, e depois da primeira sessão da competição internacional, assistiu-se ao primeiro grande momento do festival, com a ante-estreia em Portugal do filme de Miguel Gomes (n. 1972, Lisboa) Aquele querido mês de Agosto (Quinzena dos Realizadores, Cannes'08), visão inspirada do país profundo, filmada no limite do registo documental e da ficção, que, dissolvendo as duas fronteiras, se revela, nos melhores momentos, uma tragicomédia de contornos absolutamente singulares. Ficamos, pois, à espera do percurso comercial que um objecto desta natureza pode fazer no nosso país. A noite acabou, seguindo a recomendação do próprio realizador, e dando seguimento ao espírito do filme, num confronto de karaoke com programadores do festival, casting do filme, realizadores convidados, júris e participantes cinéfilos. Mais uma querida noite de verão na província, portanto. 

Esta tarde já teve mais dois focos do meu interesse, isto é, mais dois filmes de mais dois novíssimos realizadores asiáticos (não é coincidência): a segunda longa de Lee Kang-Cheng (n. 1968, Taipé), actor-fetiche e discípulo de Tsai Ming-Liang, de que espero poder escrever em debate com a obra do mestre, nomeadamente com a instalação que este traz ao festival, Erotic Space; e o arranque da primeira retrospectiva integral na Europa da obra de Yu Lik-Wai (n. 1966, Hong Kong), com All Tomorow's Parties, que revela já toda a potência imagética do cineasta, mas de que só falarei no fim do ciclo.

Agora tenho mesmo que ir, porque a festa continua.  

escrito por José Carlos Cardoso às 20:55
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05
Jul 08

 

Parto, dentro de momentos, para Vila do Conde, para acompanhar o 16º Curtas - Festival Internacional de Cinema que decorrerá até ao próximo dia 13 de Julho. Há muitas (mas muitas) coisas boas este ano, aliás, como já se tornou hábito. Prometo, se as ligações à web ajudarem e o caos constitutivo neste tipo de coisas não se intrometer demasiado, ir dando conta do que se passa. Senão, digo de minha justiça quando voltar. Até já.

 

escrito por José Carlos Cardoso às 21:11
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