"[...]mas faz-nos esboçar uma realidade supra-sensível compatível com o uso experimental da nossa razão. Sem uma tal precaução, não saberíamos fazer o mínimo uso de semelhante conceito e deliraríamos ao invés de pensarmos.[...]"

30
Nov 08

Was wird, wenn es so steht, aus dem Volumen der plastischen, jeweils einen Ort verkörpernden Gebilde? Vermutlich wird es nicht mehr Räume gegeneinander abgrenzen, in denen Flächen ein Innen gegen ein Außen um winden. Das mit dem Wort Volumen Genannte müßte seinen Namen verlieren, dessen Bedeutung nur so alt ist wie die neuzeitliche technische Naturwissenschaft.

Die Orte suchenden und Orte bildenden Charaktere der plastischen Verkörperung blieben zunächst namenlos.

 

Heidegger, M. Die Kunst und der Raum, Erker-Verlag, 1969, pp. 11-12.

 

 

[…]la profondeur elle-même, qui n'est pas une extension, mais un pur implexe. […]

Au contraire, la profondeur originelle est bien l'espace tout entier, mais l'espace comme quantité intensive: le pur spatium. […]

S'il est vrai que l'espace est irréductible au concept, on ne peut nier pour autant son affinité avec l'Idée, c'est-à-dire sa capacité (comme spatium intensif) de detérminer dans l'étendue l'actualisation des liaisons idéales (comme rapports différentiels contenus dans l'Idée). Et s'il est vrai que les conditions de l'expérience possible se rapportent à l'extension, il n'y en a pas moins des conditions de l'expérience réelle qui, sousjacentes, se confondent avec l'intensité comme telle.

 

Deleuze, G. Différence et Répétition, PUF, 1968, pp. 295, 296, 298-9 

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:13

28
Nov 08

Inaugura amanhã às 22h a mostra Suspension (título de uma das obras) que traz à Solar - Galeria de Arte Cinemática, em Vila do Conde, obras de Nicolas Provost, artista visual e cineasta belga.

Já nas Caldas da Rainha, e integrando o programa do Festival Adição, a estreia absoluta de o gosto por coisas de segunda mão de Vera Sofia Mota, coreógrafa e intérprete, às 23h.

A seu tempo escreverei aqui sobre as duas.

escrito por José Carlos Cardoso às 22:28

 

escrito por José Carlos Cardoso às 22:09

27
Nov 08

Um espaço como o espaço do corpo, onde o interior e o exterior são um só. […]

A dimensão da profundidade distingue radicalmente o espaço do corpo do espaço objectivo. […] O que é próprio desta profundidade é ligar-se ao lugar, dizendo-se então topológica: é uma certa ligação do corpo com o lugar que escava nele a sua profundidade. O espaço do corpo é esse meio espacial que cria a profundidade dos lugares. […]

Este corpo compõe-se de uma matéria especial que tem a propriedade de ser no espaço e de devir espaço, quer dizer de se combinar tão estreitamente com o espaço exterior que daí lhe advêm texturas variadas: o corpo pode tornar-se um espaço interior-exterior produzindo então múltiplas formas de espaço, espaços porosos, esponjosos, lisos, estriados, espaços paradoxais de Escher ou de Penrose, ou muito simplesmente de simetria assimétrica, como a esquerda e a direita (num mesmo corpo-espaço, portanto). […]

A "abertura" do corpo não é nem uma metonímia nem uma metáfora. Trata-se realmente do espaço interior que se revela ao reverter-se para o exterior, transformando este último em espaço do corpo. […]

Duas condições são necessárias para que o corpo onde fluem intensidades se forme: a) que o espaço interior, esvaziado, se reverta sobre a pele, constituindo então a matéria do CsO; b) que a pele, impregnada do espaço interior, se torne matéria-corpo do corpo pleno (espaço do corpo incluído).

Notemos que estas duas condições implicam a imanência. Já não há separação corpo/espírito ou espírito/matéria, já nenhuma transcendência vem perturbar os movimentos das intensidades. 

 

Gil, José. Movimento Total. O corpo e a dança, Relógio d'Água, 2002, pp. 60; 65; 69; 77.

 

escrito por José Carlos Cardoso às 21:07

26
Nov 08

Aréalité est un mot vieilli, qui signifie la propriété d'aire (area). Par accident, le mot se prête aussi à suggérer un manque de réalité, ou bien une réalité ténue, légère, suspendue: celle de l'écart qui localise un corps , ou dans un corps. Peu de réalité du fond, en effect, de la substance, de la matière ou du sujet. Mais ce peu de réalité fait tout le réel aréal où s'articule et se joue ce qui a été nommé l'archi-tectonique des corps. En ce sens, l'aréalité est l'ens realissimum, la puissance maximale de l'exister, dans l'extension totale de son horizon. Simplement, le réel en tant qu'aréal réunit l'infini du maximum d'existence […] à l'absolu fini de l'horizon aréal.

Nancy, Jean-Luc. Corpus, Anne-Marie Métailié, 1992, p.39

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:11

25
Nov 08

 E por causa da impossibilidade de ouvir uma das vozes mais singulares da filosofia contemporânea, esta quinta-feira em Serralves, uma pequena selecção bibliográfica a respeito:

 

La communauté désoeuvrée, Christian Bourgois, 1986

Corpus, Anne-Marie Métailié, 1992

Le sens du monde, Galilée, 1993

Être singulier pluriel, Galilée, 1996

La communauté affrontée, Galilée, 2001

La création du monde - ou la mondialisation, Galilée, 2002

Noli me tangere, Bayard, 2003

Vérité de la démocratie, Galilée, 2008

escrito por José Carlos Cardoso às 01:53

19
Nov 08

Se alguém fosse até aos limites extremos do universo e daí atirasse uma flecha, este projéctil, arremessado com força, voaria longe numa dada direcção, ou julgas que pode encontrar obstáculo que suspenda o seu itinerário? (...) Tanto faz. Quer a flecha encontre um obstáculo e não possa ir cravar-se no seu alvo, quer ela tenha campo livre, o ponto onde foi lançada não pode ser o limite do universo. Com este argumento, perseguir-te-ei sem descanso. Onde quer que tu apontes um limite definitivo, eu perguntar-te-ei o que acontece à flecha.

De rerum natura, Livro I, 969-982

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:20
sinais:

18
Nov 08

Herberto Helder, no seu último livro:

Li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,

quando alguém morria perguntavam apenas:

tinha paixão?

Os gregos, sempre os gregos, ou a arte de fazer as perguntas certas.

escrito por José Carlos Cardoso às 22:47

14
Nov 08

 Não há imagem mais radicalmente virtual do que a imagem produzida pela mente.

Filomena Molder, Maria. Matérias Sensíveis, Relógio d'Água, Lisboa, 1999, p.221.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:53

13
Nov 08

 

escrito por José Carlos Cardoso às 21:59

12
Nov 08

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:48

10
Nov 08

De resto, toda a investigação em ciências humanas – e portanto também a presente reflexão sobre o método – deveria implicar uma cautela arqueológica, ou seja, regredir no próprio percurso até ao ponto em que algo permaneceu obscuro e não tematizado. Só um pensamento que não esconde o próprio não-dito, mas incessantemente o retoma e o desdobra pode, eventualmente, ter pretensão à originalidade.

 

Agamben, Giorgio. «Avvertenza», Signatura rerum. Sul metodo, Bollati Boringhieri, Torino, 2008, pp. 7-8. Retirado e (imagino) traduzido (d)aqui, porque o meu ainda não chegou.

 

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:17

08
Nov 08

 

 Fui convocado para A Assembleia de Euclides, que é, aliás, um tipo estimável.

escrito por José Carlos Cardoso às 15:09

06
Nov 08

Um óptimo exemplo do perigo que mencionei ontem (in fine) no que toca à confusão de planos na produção de inteligibilidade sobre os acontecimentos (ou sobre perspectivas em relação a estes, como é o caso).

escrito por José Carlos Cardoso às 23:52

Esta eleição marca o momento em que o eleitorado americano basculou. Os republicanos têm uma base homogénea, que se tornou minoritária, e vão passar por uma enorme travessia no deserto para arranjar maneira de crescer a partir daí, uma vez que alienaram tudo o que tinham à volta da sua própria bolha branca e conservadora. A coligação de minorias dos democratas (minorias étnicas e raciais, pobres e universitários, gays e operários, gente sem seguro de saúde e empresários de Sillicon Valley) tornou-se uma maioria.

 

Rui Tavares foca, neste excerto sobre as minorias de Obama, um aspecto que me parece essencial no sentido em que aponta, explicitamente, as bases de ruptura desta vitória - a conjunção disjuntiva de minorias que perfazem uma maioria (numérica) não abrindo mão das suas singularidades constitutivas. Também aqui abre um caminho e, por isso, possa ser tomada como a primeira vitória eleitoral do séc. XXI.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:51

05
Nov 08

 

 

Não sabemos ainda em propriedade o que é a contemporaneidade. Sabemos que não é, simplesmente, o actual-presente, em confronto com o qual Benjamim criou o conceito de Jetztzeit a partir do Angelus novus de Klee, e que implicava uma inflexão política e epistemológica do historicismo dominante. Poucos anos antes Heidegger batia-se contra aquilo que qualificou como o "conceito vulgar de tempo". Interessa, pois, nestes momentos históricos em que se vislumbra o novo no horizonte - se realidade ou ilusão, é uma questão infértil com categorias obsoletas, atente-se aqui a uma imagem específica produzida pelo seu tempo, e à pre-disposição dos corpos contemporâneos a esta (no sentido em que são, simultaneamente, causa e efeito) para a encarnar - compreender as duas faces do tempo desse surgimento, os dois tipos de movimento. Se, por um lado, temos essa faceta mitológica do presente devorador, aterrador, negativo (em sentido ontológico), que análises avisadas como a de Sloterdijk tomam como único e infinito (querendo ultrapassar o "total" de Jünger), temos também toda uma outra gama de linhas desse movimento que descolam do empírico negativado e que constituem a possibilidade mesma de surgimento do novo. Assim sendo, o contemporâneo adquire uma dimensão própria que ambiciona ao plano transcendental, um tempo já não de facto, mas de juris, que traz o novo ao/do presente. Aquilo que está virtualmente em mudança só pode, pois, ser pensável neste plano, sendo que qualquer passo em falso no sentido de uma "confusão" deste em relação ao actual-presente pode conduzir a "cegueiras" do género das que padeceram o próprio Heidegger (em relação ao nazismo) e Sartre (com o estalinismo), para dar só dois exemplos.

 

A imagem acima é da capa do The Economist. 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:00

 Normally when you see a black man or a woman president, an asteroid is about to hit the Statue of Liberty.

Jon Stewart, Óscares'08.

escrito por José Carlos Cardoso às 06:01

 Neste momento, num gesto que não sei se qualifique de sórdida ironia ou nostálgica despedida, a TVI passa o filme Última Contagem, sobre o imbróglio da contagem dos votos na Florida nas presidenciais americanas de 2000, que acabaram por consagrar George W. Bush como o 43º presidente dos Estados Unidos da América.

escrito por José Carlos Cardoso às 02:29

04
Nov 08

Não sei se a clique local anti-Obama tenta proteger a esquerda das suas ilusões ou se, por outro lado, tenta salvar o mundo das convicções alimentadas pela ilusão. No primeiro caso, mais comum, temos um comovente paternalismo. No segundo, o medo de que a ilusão intervenha na realidade antes que ela tenha tempo de devolver a conta da fantasia. Esse medo seria razoável enquanto clássico receio da megalomania revolucionária, mas, como amavelmente nos avisam, esse perigo não existe (já o sabemos, Obama está longe de ser de esquerda, será um realista, nacionalista, pró-Israel, defensor do Império). Na verdade, é o mero valor político da esperança que os repugna -- a que se junta alguma clubite (não confessa) na véspera de uma possível derrota.

 

Obama e a direita europeia, por Bruno Sena Martins. Quanto à esquerda europeia (que não tem que ver com nada do que existe no sistema partidário americano hoje), com a dose utópica que lhe é constitutiva, só quer um interlocutor que, não se restringindo ao inglês standartizado da macroeconomia e dos foreign affairs, e mesmo não precisando de citar Shakespeare, possa ecoar Walt Whitman. Talvez a Europa se recorde, se Obama se tornar nesse interlocutor, de Kant, Goethe, Baudelaire, Pessoa e Mandelstam.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:52
sinais: ,

02
Nov 08

Juan Muñoz em retrospectiva em Serralves até 18 de Janeiro de 2009.

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:40

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