"[...]mas faz-nos esboçar uma realidade supra-sensível compatível com o uso experimental da nossa razão. Sem uma tal precaução, não saberíamos fazer o mínimo uso de semelhante conceito e deliraríamos ao invés de pensarmos.[...]"

28
Out 08

Tout au contraire. Herberto Helder é o nosso mais extremo contemporâneo, contemporâneo de uma modernidade que trabalha ao limite.

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:52

26
Out 08

 

 

escrito por José Carlos Cardoso às 21:37

23
Out 08

 Sempre que me sai algum a citar-me Lavelle concentro-me, e, como que esperando pelo momento certo para lançar um cocktail molotov, cito a frase de Merleau-Ponty "Um homem só é um homem quando é um pouco menos ou um pouco mais que um homem". Uma arma de arremesso. E, de qualquer forma, como diria outro ainda, "o hermetismo sempre foi a maneira mais eficaz de mandar alguém à merda".

escrito por José Carlos Cardoso às 20:51
sinais:

1) Qual é, em seu entender, o melhor livro de ficção (romance, novela ou conto) portuguesa do século XX? Porquê?
 
Os Passos em Volta de Herberto Helder, na colecção Novos Contistas da Portugália Editora, edição de 1963, com a capa de João da Câmara Leme e uma dedicatória que o Rui Diniz me fez: «De uma época de PASMO tecem-se as RENDAS DELIRANTES». Nestes contos está tudo, mesmo aquilo que na época não se podia dizer – o comunismo, a prostituição, a dor, uma angústia solitária, o exílio, e um tempo em que pouco mais havia a fazer do que ficar «a tremer e soluçar, debaixo da esplêndida luz do mês de novembro». Aprendi muito da minha escrita ao lê-lo; e tenho dentro dele uma folha de árvore seca com muitas décadas, apanhada talvez no jardim do Campo Grande por onde passava a caminho da Cidade Universitária levando-o comigo, uma folha de papel pautado com um endereço lisboeta manuscrito pelo Herberto Helder que ele me terá dado por qualquer razão, e um título inventado durante alguma aula mais aborrecida: «Como eu fugi da Sibéria (L’OEIL DE LA MOSCOWIE) narrativa verídica dos horrores por que um sacerdote austro-búlgaro passou, antes de ser capturado e barbaramente agredido».

 

 

Resposta de Nuno Júdice, à primeira pergunta do inquérito d'Os Livros Ardem Mal. Num dia em que comecei por ler estas declarações, ajudou-me consideravelmente. Animicamente falando. 

 

escrito por José Carlos Cardoso às 20:49

20
Out 08

 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:47

19
Out 08

 O novo Herberto, uma recensão crítica, dois ensaios para acabar e um em germe, mais um convite para uma conferência. Três filmes. E, confesso, a vida também passa por aí, duas noites de festa. À côté de la plaque, portanto.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:55

14
Out 08

 a vida inteira para fundar um poema,

a pulso,
um só, arterial, com abrasadura,
que ao dizê-lo os dentes firam a língua,
que o idioma se fira na boca inábil que o diga,
só quase pressentimento fonético,
filológico,
mas que atenção, paixão, alumiação
¿e se me tocam na boca?
de noite, a mexer na seda para, desdobrando-se,
a noite extraterrestre bruxulear um pouco,
o último,
assim como que húmido, animal, intuitivo, de origem,
papel de seda que a rútila força lírica rompa,
um arrepio dentro dele,
batido, pode ser, no sombrio, como se a vara enflorasse com as faúlhas,
e assim a mão escrita se depura,
e se movem, estria atrás de estria, pontos voltaicos,
manchas ultravioletas a arder através do filme,
leve poema técnico e trémulo,
linhas e linhas,
línguas,
obra-prima do êxtase das línguas,
tudo movido virgem,
e eu que tenho a meu cargo delicadeza e inebriamento
¿tenho acaso no nome o inominável?
mão batida, curta, sem estudo, maravilhada apenas,
nada a ver com luminotecnia prática ou teórica,
mas com grandes mãos, e eu brilhei,
o meu nome brilhou entrando na frase inconsútil,
e depois o ar, e os objectos que ocorrem: onde?
fora? dentro?
no aparte,
no mais vidrado,
no avêsso,
no sistema demoroso do bicho interrompido na seda,
fibra lavrada sangrando,
uma qualquer arte intrépida por uma espécie de pilha eléctrica
como alma: plenitude,
através de um truque:
os dedos com uma, suponhamos, estrela que se entorna sobre a mesa,
poema trabalhado a energia alternativa,
a fervor e ofício,
enquanto a morte come onde me pode a vida toda

 

Herberto Helder, A Faca não Corta o Fogo, Assírio&Alvim, Lisboa, 2008

escrito por José Carlos Cardoso às 23:48

12
Out 08

 

 

Une catastrophe (2008), o teaser, realizado por Jean-Luc Godard, para abrir a Viennale deste ano. 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:54

 Volto ao meu ponto. Se não falamos da academia (essa Arcádia desligada da cidade e a que se acolhem muitos dos grandes nomes da literatura americana) mas do mercado e do «leitor comum», então o secretário da academia sueca, ressalvando aquelas questões que referi ao início, está inteiramente certo na sua denúncia da escandalosa situação da tradução de obras literárias nos EUA e do isolacionismo da sua literatura. O resto, lamento dizê-lo, é apenas mais uma ocorrência de americanismo acéfalo. Ou seja: uma conversa da treta.


P.S. Como se pode ler por exemplo aqui, a reacção dominante nos EUA à atribuição do Nobel a Le Clézio - «Clezi-who?» -, só evidencia, e cito, que «the American literary scene is almost entirely inward looking».
 
 
Osvaldo Manuel Silvestre sobre as declarações do secretário da Academia sueca e o imperialismo na Literatura. Subscrevo por inteiro.
escrito por José Carlos Cardoso às 23:42

10
Out 08

 A pedra de Sísifo como a Memória do mundo (no sentido bergsoniano).

escrito por José Carlos Cardoso às 00:48
sinais:

09
Out 08

 

escrito por José Carlos Cardoso às 01:43

07
Out 08

Obrigado a actualizar o curriculum vitae nestes dois últimos dias, fui reler alguns dos que Walter Benjamin escreveu, entre 1925, o primeiro, e 1939/40, o último, e, agora como na primeira leitura, atrai-me a extrema lucidez e simplicidade com que traça o seu próprio percurso, com que assume dívidas concretas (a professores, a livros específicos), mas, mais essencialmente, e com a leveza de quem escreve um postal, como se entrelaçam os livros que se leram, as pessoas que se escutaram, o que se pensou e se escreveu, as cidades que se amaram. Ao contrário do modelo técnico-funcional usado nos nossos dias, em registo laudatório do nosso passado recente, o modelo especular de Benjamin propicia o momento sempre angustiante do espelho, potencia a crítica inactual de nós mesmos. Talvez por isso não se conhece nenhum tipo de uso que Benjamin lhes tenha dado.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:53

04
Out 08

 Setembro sempre foi o meu mês também por causa desta ausência, como que imposta por outrem que vem de dentro, por pensamentos em catadupa que não param, esboços, esquizos de ideias, esquematismo primitivo que se rumina depois, muito depois, e que origina um ano de trabalho. Sim, porque o meu ano sempre começou no Outono.

escrito por José Carlos Cardoso às 22:32

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