"[...]mas faz-nos esboçar uma realidade supra-sensível compatível com o uso experimental da nossa razão. Sem uma tal precaução, não saberíamos fazer o mínimo uso de semelhante conceito e deliraríamos ao invés de pensarmos.[...]"

27
Jul 09

 

escrito por José Carlos Cardoso às 18:27
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04
Jul 09

 

escrito por José Carlos Cardoso às 20:11
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01
Jan 09

A Shower over Lake Lucerne, J.M.W. Turner, 1841

 

Todos os anos, e no seu primeiro mês, mostra-se ao público, nas National Galleries of Scotland e na National Gallery of Ireland, as 31 aguarelas das duas décadas finais da obra de J.M.W. Turner do legado do coleccionador britânico Henry Vaughan. Este, numa prova de admiração verdadeira por obras que antecipam as vanguardas modernistas em mais de meio século e que, ainda assim, resistem, incomparáveis, fez vigorar a sua vontade expondo-as somente à luz mais ténue do calendário anual fazendo perdurar o mais possível as notáveis visões.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:57

29
Dez 08

 

Robert Rauschenberg: Em viagem 70-76, MACS, Porto

David Goldblatt: Intersecções Intersectadas, MACS, Porto

Alvess: Uma antológica, MACS, Porto

Waltercio Caldas. Horizontes, CAM/FCG, Lisboa

Le Corbusier: Arte da Arquitectura, Museu Berardo/CCB, Lisboa

Peter Zumthor: Edifícios e Projectos 1986-2007, LXFactory, Lisboa

José Manuel Rodrigues: Antologia Experimental, Palácio da Inquisição, Évora

Souto de Moura e Ângelo de Sousa: Cá Fora: arquitectura desassossegada, Fondaco Marcello/Biennale di Venezia, Veneza

Richard Serra: Promenade, Monumenta'08/Grand Palais, Paris

escrito por José Carlos Cardoso às 00:29
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14
Dez 08

A coisa estalou e este fim de semana não havia outra preocupação, quando, para falar com rigor, o problema tem meses e continua a ganhar volume a uma velocidade assinalável. Mas, mais do que a incompetência da DGA, choca-me o sectarismo serôdio que reagiu ao convite a Pedro Costa, que, ainda por cima, integraria um ano que se prevê tudo menos previsível. Se este falhar, dado que parece estar encravado em questões exteriores ao domínio artístico, e justamente para resistir à paródia, ao contrário de algumas boutades, poderíamos tentar prolongar a exigência de uma modernidade ao limite, levada a cabo pela magnífica representação à Bienal de Arquitectura deste ano, e quem melhor do que praticantes das Belas-Artes, que os temos e de qualidade superior. Querem proposta mais radical, face ao actual estado de coisas, do que levar a escultura de um Rui Chafes ou a pintura de um João Queiroz?

escrito por José Carlos Cardoso às 23:52

14
Set 08

 

Compreender a importância do mês de Setembro para a Arte e a Cultura (e para a criação em geral, diria eu) é sintoma de uma sensibilidade aguda dos temperamentos e dos afectos (e da História das mesmas, mas esta é efeito e nunca causa). Daqui a pouco - 23h:30m - o Câmara Clara dedica-lhe um programa.

 

Na imagem, detalhe de frame de Sonata de Outono de Ingmar Bergman. Note-se a paleta. 

escrito por José Carlos Cardoso às 22:30
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12
Set 08

 

Pergunta Novalis: "para onde se dirige a alma de noite?" 
Responde Maria Filomena Molder: "a alma de noite dirige-se para o seu sonho e toma a sua escada, o corpo."

 

Na imagem, "Ne Dors Pas" de Rui Chafes, 1999. Ferro, 380 x 260 x 180 cm

escrito por José Carlos Cardoso às 18:32

03
Set 08

 

 

Informa-me, prontamente, a Direcção-Geral das Artes que o catálogo do projecto Cá Fora: Arquitectura Desassossegada pode ser adquirido aqui, já a partir de amanhã, estando os contactos com os livreiros em curso, para distribuição e disponibilidade nas livrarias em geral na próxima semana. O Índice promete.


 

Ontem, na apresentação oficial da representação portuguesa à 11ª Bienal de Arquitectura de Veneza, José Gil qualificou o resultado final como um "objecto poderoso" apelidando-o mesmo de "palácio infinito", fazendo, assim, alusão aos jogos de espelhos criados dentro e fora do edifício, abrindo, desta forma, canais de velocidades e intensidades infinitas, destruindo qualquer tipo de dicotomia estagnante, como é noticiado aqui. Por considerar este projecto de primeira grandeza, como comecei a explicitar aqui, e por este entrar em diálogo com as minhas mais actuais pesquisas, continuarei a escrever sobre, esperando o catálogo com muita curiosidade. 


28
Ago 08

 Todo o plano é para o rosto dela - mas ela nunca olha para a câmara, antes para um ponto qualquer no fora de campo, num ligeiro viés. Em vez de acusar a sua presença, forçando a rapariga à extraordinária violência de a fitar directamente, a câmara evita intrometer-se na linha do seu olhar, faz o que pode para a deixar sozinha. E, com a mesma comoção e o mesmo orgulho, fica a observar uma miuda beirã a aproveitar o momento em que lhe ofereceram a possibilidade de ser uma Harriet Andersson ou uma Jean Seberg.

 

"Obliquamente", por Luís Miguel Oliveira

 

 

Aquele Querido Mês de Agosto é um dos grandes filmes portugueses dos últimos anos.|...| Gomes capta sempre a materialidade manipulada de que se faz o cinema, e que desemboca no gag final sobre os sons que se ouvem no filme mas que não existem «na natureza». Em Aquele Querido Mês de Agosto, a «ficção» (quase uma réstia) não é verdadeiramente uma ficção, é um simples melodrama juvenil, muito eficaz precisamente porque muito «verdadeiro». Tão verdadeiro e acima do bem e do mal como a própria música pimba que Gomes escolheu. Uma música que enquadra sem ironias aquelas emoções cruas e «pouco sofisticadas». Que são afinal iguaizinhas às nossas.

 

Se isto não é o povo, onde é que está o povo?, por Pedro Mexia

 

 

 Em geral, e por grosso, Miguel Gomes dá-nos a ler versos. Seria um longo debate saber se nos dá a ler poemas, pelo que me fico pela versão empírica ou, se se preferir, de mercearia: versos. Versos de canções pimba, esclareça-se. Porque o génio de MG não está apenas na utilização da música pimba como banda sonora do filme, e aliás muito para lá disso. Está sim na estranha operação, semiótica e estética, que consiste em inscrever nas imagens sempre tão justas do seu filme a letra das canções que o percorrem, ilustram e, ainda, o narram, suturam e dão a ver.

 

O balão jubiloso de Tânia faz-nos, mais uma vez, acreditar na possibilidade e potência do amor, e momentaneamente (pelo tempo justamente necessário) esquecer como tudo isto é produto de uma canção que nos pede aquilo que, desde que crescemos, sabemos ser pouco possível: que abracemos o mundo. Desde a esfusiante sequência de Nanni Moretti em Querido Diário, bailando, na sua vespa, ao som de canções, pelas ruas de Roma, que o cinema não era esta coisa elementar e mozartiana, tão intensamente e melancolicamente feliz.

 

Quem parasita quem em Aquele querido mês de Agosto? A «parte ficcional» parasita a «documental», como pretende a maioria da crítica? A produção, e o realizador em particular, parasita as pessoas da zona que convoca, usa (e abusa?) para a representação? O cowboy, e o beat, parasitam Moleiro? Miguel Gomes parasita Rossellini? A cidade, de onde vem e onde se «faz» institucionalmente o cinema, parasita o campo? As canções parasitam a pureza da captação do som do vento, dos regatos e dos trinados das aves nas serranias? Perguntas ociosas que de súbito se tornam fundamentais, ou perguntas fundamentais, sem as quais não há cinema (ou arte), que o filme torna ociosas, dando a ver a sua banalidade de base? Ou antes, e se calhar, perguntas morais, às quais só podemos responder, como sempre em arte, de forma extra-moral. Porque, como é evidente, o grande paradigma do parasita ou do bobo da corte é, muito simplesmente, o artista.

 

Aquele querido mês de Agosto, I, II, III, IV, por Osvaldo Manuel Silvestre

escrito por José Carlos Cardoso às 05:24

 O faulkneriano 'Auto dos Danados' do Lobo Antunes está para o contexto latifundiário e burguês como o 'Brutti, Sporchi e Cattivi' do Ettore Scolla está para o proletário e suburbano. A tendência para o grotesco, e já o mostrava o Marquês de Sade no século XVIII, não olha a berço, classe social ou faixa económica nem se apanha como uma gripe ou peste bubónica. Vem à nascença nos genes, como a cor da pele ou o tamanho do nariz.

 

"Do grotesco" in Vontade Indómita

escrito por José Carlos Cardoso às 05:20

26
Ago 08

 

 

Mais uma boa notícia. Já estava até um pouco resignado com a impossibilidade de ir a Évora ver a Antologia Experimental de José M. Rodrigues antes do fim de Agosto. Sei agora, por quem já foi e tem escrito sobre, que a mesma foi prolongada dois meses. O meu mês começa a compor-se. E vai dar-me um certo gozo, entrar ali, onde em tempos fiz exames e defendi ensaios em provas orais acaloradas. 

escrito por José Carlos Cardoso às 21:38
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21
Ago 08

 

 

Finalmente disponível, o texto de apresentação da representação oficial portuguesa à mostra de arquitectura da Bienal de Veneza traça o horizonte teórico da intenção e sobretudo da ambição do desafio que os comissários - José Gil e Joaquim Moreno - lançaram ao arquitecto Souto de Moura e ao artista plástico Ângelo de Sousa: "materializar temporariamente o heteronímico desassossego num contraditório Cá Fora", sintoma de "um «fora» em expansão «cá» dentro que põe este em movimento permanente e paradoxal", movimento este que difere do movimento extensivo que dá a medida do tempo aristotélico, antes tratando-se de movimentos intensivos, heterogéneos em si, massa de "um tempo que "saiu dos eixos""*, o tempo do acontecimento. Estamos assim, no vértice que considero mais fértil e urgente do pensamento e da criação da/para a contemporaneidade, que este projecto, aliás, assume como necessidade.

Desta maneira, todo o projecto parece estar assente numa perspectiva laboratorial, constitutiva de toda a "abertura de um novo campo de experimentação", de forma a potenciar essa "ilimitação do exterior no interior" que, por uma lógica do excesso**, abre os "intervalos diferenciais" de onde germina toda a criação, o novo in statu nasciendi. Todo um programa, está bom de ver.

Ângelo de Sousa, em declarações ao Jornal de Notícias, revela, de forma geral, de que maneira isto vai ser tentado, e o principal instrumento utilizado - o espelho -, elemento clássico e com forte tradição tanto na história da arte como do pensamento ocidental e recorrente em ambas as obras do artista e do arquitecto. Aquilo que o artista refere como o "inverso de mim", a minha imagem vista por mim como é vista pelos outros, provoca uma clivagem, uma ruptura e uma desorientação inconsciente face à imagem do corpo, abrindo um espaço de diferenciação entre elas, espaço de surgimento do(s) outro(s) em nós, até ao limite da impossibilidade de identificação. Por tudo isto, e muito mais, voltarei ao assunto certamente.

 

*Cf. Deleuze, G. "Sur quatre formules poétiques qui pourraient résumer la philosophie kantienne" in Critique et Clinique, Minuit, Paris, 1993.

**Cf. Gil, J. "A abertura do sem-fundo. Lógica do excesso" in O imperceptível devir da imanência. Sobre a filosofia de Deleuze, Relógia d'Água, Lisboa, 2008


04
Ago 08

 

 

Instalação de Richard Serra no Grand Palais em Paris para a Monumenta'08.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:36

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