Esta eleição marca o momento em que o eleitorado americano basculou. Os republicanos têm uma base homogénea, que se tornou minoritária, e vão passar por uma enorme travessia no deserto para arranjar maneira de crescer a partir daí, uma vez que alienaram tudo o que tinham à volta da sua própria bolha branca e conservadora. A coligação de minorias dos democratas (minorias étnicas e raciais, pobres e universitários, gays e operários, gente sem seguro de saúde e empresários de Sillicon Valley) tornou-se uma maioria.
Rui Tavares foca, neste excerto sobre as minorias de Obama, um aspecto que me parece essencial no sentido em que aponta, explicitamente, as bases de ruptura desta vitória - a conjunção disjuntiva de minorias que perfazem uma maioria (numérica) não abrindo mão das suas singularidades constitutivas. Também aqui abre um caminho e, por isso, possa ser tomada como a primeira vitória eleitoral do séc. XXI.