"[...]mas faz-nos esboçar uma realidade supra-sensível compatível com o uso experimental da nossa razão. Sem uma tal precaução, não saberíamos fazer o mínimo uso de semelhante conceito e deliraríamos ao invés de pensarmos.[...]"

31
Mar 09

 Ou do princípio ontológico-transcendental da reversibilidade entre corpo e pensamento (desde logo intuído pela Cristina).

escrito por José Carlos Cardoso às 23:55

28
Mar 09

A genialidade deve ter que ver com uma certa sincronização do corpo com as velocidades do pensamento.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:18
sinais:

21
Mar 09

 Aos que sentem a pressão de escrever rápido, publicar cedo, expor o trabalho para darem visibilidade a um nome, só lembrar que, quando a 2ª edição (1787) da Crítica da Razão Pura saiu, Kant contava com 63 anos de idade. 

escrito por José Carlos Cardoso às 22:16
sinais:

15
Mar 09

O automóvel e o cinema têm mais ou menos a mesma idade. 

Luís Miguel Oliveira sobre Grand Torino.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:16

12
Mar 09

 

A Crueldade depois do Teatro, Os filmes de Angela Schanelec (prog. André Dias)

escrito por José Carlos Cardoso às 19:13
sinais:

11
Mar 09

 A ideia de uma proprioceptividade do Tempo corresponderia ao diagrama dos contágios actual/virtual? Como é que o esquematismo estético-ontológico, como operador, é capaz de agenciar isto mesmo?

escrito por José Carlos Cardoso às 23:15

10
Mar 09

 

Segunda Parte
 
Considerámos até agora o caso em que um actual se rodeia de outras virtualidades cada vez mais extensas, cada vez mais longínquas e diversas: uma partícula cria efémeros, uma percepção evoca recordações. Mas o movimento inverso também se impõe: quando os círculos se estreitam, e que o virtual se aproxima do actual para se distinguir dele cada vez menos. Atingimos um circuito interior que não reúne mais que o objecto actual e a sua imagem virtual: uma partícula actual tem o seu duplo virtual, que quase não se descola dela; a percepção actual tem a sua própria recordação como uma espécie de duplo imediato, consecutivo ou até simultâneo. Pois, como Bergson o mostrou, a recordação não é uma imagem actual que se formaria após o objecto percepcionado, mas a imagem virtual que coexiste com a percepção actual do objecto. A recordação é a imagem virtual contemporânea do objecto actual, o seu duplo, a sua “imagem em espelho”[4]. Assim, existe coalescência e cisão, ou, melhor, oscilação, perpétuo contágio entre o objecto actual e a sua imagem virtual: a imagem virtual não pára de devir actual, como num espelho que se apodera da personagem, a engole, e que, por sua vez, não lhe deixa mais que uma virtualidade, ao estilo d'A Dama de Xangai. A imagem virtual absorve toda a actualidade da personagem, ao mesmo tempo que a personagem actual não passa de uma virtualidade. Este contágio perpétuo do virtual e do actual define um cristal. É no plano de imanência que surgem os cristais. O actual e o virtual coexistem, e entram num estreito circuito que nos reenvia constantemente de um para o outro. Já não é uma singularização, mas uma individuação como processo, o actual e o seu virtual. Já não é uma actualização mas uma cristalização. A pura virtualidade não tem já de se actualizar dado que é estritamente correlativa do actual com o qual forma o mais pequeno circuito. Já não há mais distincionabilidade do actual e do virtual, mas indiscernabilidade entre os dois termos que se contagiam. 
 
Objecto actual e imagem virtual, objecto que deveio virtual e imagem que deveio actual, estas são as figuras que aparecem já na óptica elementar[5]. Mas, em todos os casos, a distinção do virtual e do actual corresponde à mais fundamental cisão do Tempo, quando este avança diferenciando-se, seguindo duas grandes vias: fazer passar o presente e conservar o passado. O presente é um dado variável medido por um tempo contínuo, isto é, por um movimento suposto numa única direcção: o presente passa na medida em que esse tempo se esgota. É o presente que passa que define o actual. Mas o virtual aparece, por sua vez, num tempo mais pequeno que aquele que mede o mínimo de movimento numa única direcção. É por isso que o virtual é “efémero”. Mas é também no virtual que o passado se conserva, porque este efémero não deixa de lá estar no “mais pequeno” seguinte, que reenvia a uma mudança de direcção. O tempo mais pequeno que o mínimo de tempo contínuo pensável numa direcção é também o tempo mais longo, mais longo que o máximo de tempo contínuo pensável em todas as direcções. O presente passa (à sua escala), assim como o efémero conserva e conserva-se (à escala deste). Os virtuais comunicam imediatamente por cima do actual que os separa. Os dois aspectos do tempo, a imagem actual do presente que passa e a imagem virtual do passado que se conserva, distinguem-se na actualização, tendo um limite indeterminável, mas contagiam-se na cristalização, até devirem indiscerníveis, cada um ocupando o papel do outro.
 
A relação do actual e do virtual constitui sempre um circuito, mas de duas maneiras: tanto o actual reenvia para virtuais como para outras coisas em vastos circuitos, onde o virtual se actualiza, como o actual reenvia ao virtual como seu próprio virtual, nos mais pequenos circuitos onde o virtual cristaliza com o actual. O plano de imanência contêm simultaneamente a actualização como relação do virtual com outros termos, e até o actual como termo com o qual o virtual se contagia. Em todos os casos, a relação do actual e do virtual não é aquela que se estabelece entre dois actuais. Os actuais implicam indivíduos já constituídos, e determinações através de pontos vulgares; enquanto a relação do actual e do virtual forma uma individuação em acto ou uma singularização através de pontos marcantes a determinar em cada caso.
 
 
[4] Bergson, L'Énergie spirituelle, “le souvenir du présent...”, pp. 917-920. Bergson insiste nos dois movimentos, em direcção a círculos cada vez mais vastos, em direcção a um círculo cada vez mais estreito.
 
[5] A partir do objecto actual e da imagem virtual, a óptica elementar mostra em que caso o objecto devém virtual e a imagem actual, e depois, como o objecto e a imagem devêm ambos actuais ou ambos virtuais.

 

escrito por José Carlos Cardoso às 22:05

09
Mar 09
Primeira Parte
 
A filosofia é a teoria das multiplicidades. Toda a multiplicidade implica elementos actuais e elementos virtuais. Não existe objecto puramente actual. Todo o actual se rodeia de um nevoeiro de imagens virtuais. Este nevoeiro investe circuitos coexistentes mais ou menos extensos, sobre os quais as imagens virtuais se distribuem e planam. É assim que uma partícula actual emite e absorve virtuais mais ou menos próximos, de diferentes ordens. Eles são chamados virtuais porquanto a sua emissão e absorção, a sua criação e destruição se fazem num tempo mais pequeno que o mínimo de tempo contínuo pensável, e que esta brevidade os mantém desde logo sob um princípio de incerteza ou de indeterminação. Todo o actual se rodeia de círculos de virtualidade sempre renovados, em que cada um emite um outro, e todos rodeiam e reagem sobre o actual (“ao centro da bruma do virtual está ainda um virtual de ordem mais elevada... cada partícula virtual rodeia-se do seu cosmos virtual e cada uma, por sua vez, faz o mesmo, indefinidamente...[1]”). Em virtude da identidade dramática dos dinamismos, uma percepção é como uma partícula: uma percepção actual rodeia-se de uma nebulosidade de imagens virtuais que se distribuem por circuitos móveis, cada vez mais afastados, cada vez mais amplos, que se fazem e se desfazem. São recordações de diferentes ordens: são chamadas imagens virtuais na medida em que a sua velocidade ou a sua brevidade as mantém aqui sob um princípio de inconsciência. 
 
As imagens virtuais são tão pouco separáveis do objecto actual como este daquelas. As imagens virtuais reagem assim sobre o actual. Deste ponto de vista elas medem, no conjunto dos círculos ou em cada círculo, um continuum, um spatium determinado em cada caso por um máximo de tempo pensável. A estes círculos mais ou menos extensos de imagens virtuais, correspondem camadas mais ou menos profundas do objecto actual. Estas formam a impulsão total do objecto: elas mesmas camadas virtuais, e nas quais o objecto actual devém, por sua vez, virtual[2]. Objecto e imagem são aqui ambos virtuais, e constituem o plano de imanência onde se dissolve o objecto actual. Mas o actual passou então por um processo de actualização que afecta a imagem assim como o objecto. O continuum de imagens virtuais é fragmentado, o spatium é segmentado segundo decomposições regulares ou irregulares do tempo. E a impulsão total do objecto virtual estilhaça-se em forças correspondendo ao continuum parcial, em velocidades que percorrem o spatium segmentado[3]. O virtual nunca é independente das singularidades que o segmentam e dividem no plano de imanência. Como o mostrou Leibniz, a força é um virtual em curso de actualização, assim como o espaço no qual ela se desloca. O plano divide-se, portanto, numa multiplicidade de planos, seguindo os cortes do continuum e as divisões da impulsão que marcam uma actualização de virtuais. Mas todos os planos não fazem senão um, seguindo a via que conduz ao virtual. O plano de imanência compreende simultaneamente o virtual e a sua actualização, sem que possa haver um limite determinado entre os dois. O actual é o complemento ou o produto, o objecto da actualização, sendo que esta tem por sujeito somente o virtual. A actualização pertence ao virtual. A actualização do virtual é a singularidade, enquanto que o próprio actual é a individualidade constituída. O actual cai fora do plano como um fruto, enquanto que a actualização o reporta ao plano como àquilo que reconverte o objecto em sujeito.
 

 [1] Michel Cassé, Du vide et de la création, Odile Jacob, pp. 72-73. E o estudo de Pierre Lévy, Qu'est-ce que le virtuel?, Éditions de la Découverte.

 [2] Bergson, Matière et mémoire, Édition du Centenaire/PUF, p. 250 (os capítulos II e III analisam a virtualidade da recordação e a sua actualização).

 [3] Gilles Châtelet, Les Enjeux du mobile, Éditions du Seuil, pp. 54-68 (das “velocidades virtuais” aos “cortes virtuais”).

escrito por José Carlos Cardoso às 19:31

07
Mar 09

escrito por José Carlos Cardoso às 23:19

04
Mar 09

 O sangue como afinidades efectivas. Mas também as afinidades electivas como sangue.

escrito por José Carlos Cardoso às 23:28
sinais:

03
Mar 09

 Como o mostrou Leibniz, a força é um virtual em curso de actualização, assim como o espaço no qual ela se desloca.

Deleuze, G. “L'actuel el le virtuel” (1995) in Dialogues, Flammarion, Paris, 1996. Tradução e sublinhados meus.


 

escrito por José Carlos Cardoso às 23:44

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