A recente editora Orfeu Negro, subsidiária da Antígona, edita de forma contida mas certeira. Chega às livrarias na próxima sexta-feira Lacrimae Rerum, súmula de ensaios sobre cinema de Slavoj Žižek. No dia seguinte prevê-se uma festa quando este comparecer à sessão de lançamento da tradução portuguesa do seu livro na Cinemateca Portuguesa, porque se há coisa que Žižek garante, à partida, nas suas aparições, é animação.
Embora nos dividam fossos abissais relativamente às posições fundamentais que sustentam a obra zizekiana (escreverei sobre a seu tempo, começando provavelmente pela interpretação de Deleuze levada a cabo em Organs without Bodies), este livro revela uma fertilidade digna de registo dessas mesmas teses no campo de trabalho que é o cinema.
Que seja aproveitada a oportunidade para confrontar o autor com algumas ambiguidades teóricas existentes na sua obra e críticas pertinentes de que tem sido alvo (como tive a oportunidade de o ver em grande forma em Paris) e não se tombe no show off que ele tão bem sabe fazer, e pelo qual, conjuntamente com a sua maneira um tanto ou quanto leviana e por vezes superficial de tratar problemas nucleares da filosofia ocidental, tem sido menosprezado nalguns círculos, digamos, mais rigorosos. De qualquer maneira afición não lhe vai faltar, estou certo.